Efeito Sanfona — O Que é e Como Evitar

Efeito Sanfona — O Que é e Como Evitar

De acordo com os dados da Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE, 60,3% da população adulta do Brasil tem excesso de peso. Muito disso porque, nas últimas décadas, ocorreu uma mudança do nosso padrão alimentar.

A enorme variedade, disponibilidade, hiperpalatabilidade (alimentos muito gostosos) e o baixo preço dos ultraprocessados, facilitam o seu consumo. Isso, aliado ao fato de serem pobres em micronutrientes e proteína, contribui ainda mais para o aumento da ingestão calórica e consequente ganho de peso observado nos últimos anos.

A dificuldade de uma estratégia eficaz no longo prazo para o controle da obesidade, faz com que a maior parte das pessoas que tentam emagrecer vivencie o efeito sanfona.

O que é o efeito sanfona?

O efeito sanfona são ciclos de perda e recuperação de peso que uma pessoa passa, quando por algum motivo não consegue manter o peso perdido após uma dieta ou mudança de estilo de vida.

Provavelmente, você já ouviu falar que basta diminuir o consumo de calorias diário que você irá emagrecer continuamente, como se fôssemos capazes de controlar facilmente, de forma voluntária, nosso consumo e gasto calórico.

Porém, essa ideia não leva em consideração que, à medida que vamos emagrecendo, nosso gasto calórico diminui. Assim, o simples fato de continuar restringindo a mesma quantidade de calorias não significa que o resultado será o mesmo e que a velocidade de perda de peso continuará igual.

Em algum momento, inevitavelmente, todos vamos estacionar em um novo peso, o chamado efeito platô.

Alguns estudos demonstram que apenas 10% das pessoas conseguem manter o peso perdido. O mais frequente é que as pessoas percam peso, entrem no efeito platô e depois recuperem o peso perdido. O chamado efeito sanfona!

 O que causa o efeito sanfona

Diversos fatores interferem na recuperação do peso após o emagrecimento, desde alterações hormonais e metabólicas, até questões comportamentais.

Do ponto de vista hormonal e metabólico, em dietas com restrição calórica que não levam em consideração a composição nutricional, principalmente de proteínas e micronutrientes, os estudos apontam algumas consequências após o emagrecimento, como:

  • aumento da fome;
  • diminuição da saciedade;
  • diminuição além do esperado da taxa metabólica basal (quantidade de energia necessária para o funcionamento básico do corpo, como respiração, sono e manutenção das funções  vitais).

A restrição calórica descrita acima leva à diminuição do gasto de energia em um grau que, muitas vezes, é maior do que o esperado.

Esse fenômeno é chamado de termogênese adaptativa ou adaptação metabólica e pode continuar por anos após o equilíbrio energético ser restabelecido com um peso mais baixo. A base mecanicista da adaptação metabólica não é clara, mas pode estar relacionada à redução da atividade tireoidiana, possivelmente como resultado da diminuição da leptina.

É esperado que a taxa metabólica basal diminua com a perda de peso. Por exemplo, o gasto energético basal de uma pessoa com 120 kg tende a ser maior do que o de uma pessoa com 80 kg.

O ponto central é que, dependendo da dieta utilizada para o emagrecimento, o metabolismo diminui além do esperado. Ou seja, ao compararmos o metabolismo de uma pessoa com 80 kg que nunca foi obesa, com uma de 80 kg que pesava 120 kg, a última apresenta um gasto energético menor.

Com isso, se a estratégia alimentar utilizada  para o emagrecimento não levar em consideração a manutenção do peso após o emagrecimento, o efeito sanfona é o destino de 90% das pessoas.

Por exemplo, a quantidade de proteína na dieta, particularmente, é conhecida por influenciar diretamente a taxa metabólica e a fome durante o processo de emagrecimento.

Outro aspecto muito importante é o comportamental. Aliás, esse é um dos grandes trunfos da metodologia proposta no Você+: o desenvolvimento dos 5 níveis do emagrecimento.

A busca pela perda de peso

O que faz a maioria das pessoas querer emagrecer, iniciar uma reeducação alimentar, procurar um nutricionista ou médico não é necessariamente um motivo positivo, um propósito ou objetivo de vida.

Geralmente está associado a uma dor que motiva o início das ações do processo de emagrecimento. É muito comum ouvir em meu consultório:

“Fui discriminada. Me sinto muito feia. Não entro mais em nenhuma roupa. Fiz o diagnóstico de uma doença.”

Essas e outras dores, tão fortes e profundas, podem funcionar como incentivo inicialmente. Por mais que não seja um sentimento positivo, essa dor nos move para outro lugar e faz com que possamos agir da melhor maneira possível para que ela não se perpetue ou repita.

Além disso, faz com que mudemos hábitos que antes não sabíamos que existiam. O único problema é que com todo esse estado de atenção e cuidado, essa dor tende a acabar – o que é extremamente positivo – e as pessoas entram no interminável e perigoso ciclo do infinito (oito) – popularmente conhecido como o temido “efeito sanfona”.

O que a “dor” significa no contexto do emagrecimento?

Tal efeito tem o seguinte significado no contexto do emagrecimento:

  • a dor do excesso de peso faz com que a pessoa mude seus hábitos e abra mão de muitas coisas, usando inicialmente a força de vontade aflorada por essa dor;
  • após perder uma quantidade de peso que considera significativa, essa dor começa a diminuir ou mesmo acaba;
  • a motivação inicial – ou seja, a dor – não existe mais. Quando a intensidade da dor é reduzida, a motivação para completar e manter as mudanças de hábitos necessárias diminui. Sem dor para guiar a pessoa, os antigos padrões de comportamento gradualmente retornam.

Ao retomar os hábitos antigos, a recuperação de peso ocorre gradualmente. E, antes que a pessoa perceba, a dor está de volta junto com a necessidade de emagrecer novamente.

Por isso que, tão importante quanto solucionar sua dor, é descobrir um propósito e ter uma direção a seguir. Assim, quando essa dor desaparecer, você terá algo extremamente sólido e forte que o fará saber como seguir e, melhor que isso, continuar a persistir.

Como evitar o efeito sanfona e a recuperação do do peso

Para evitar o efeito sanfona, é preciso ter um plano para todo o tratamento da obesidade, que envolve não apenas o emagrecimento, mas também a manutenção do peso perdido.  Algumas estratégias extremamente eficazes nesse processo são:

  • priorizar o consumo de alimentos in natura e evitar alimentos ultraprocessados;
  • aumentar o consumo de proteína na dieta;
  • praticar atividade física regularmente;
  • ajustar o ambiente, evitando a compra de alimentos pouco nutritivos e tendo sempre em mãos o que precisa comer, evitando sair da dieta;
  • identificar e aprimorar aspectos comportamentais e emocionais que podem sabotar o seu processo de emagrecimento;
  • manter o acompanhamento médico e nutricional mesmo após o emagrecimento;
    agradecer por estar no platô e lembrar que a manutenção do peso faz parte do tratamento da obesidade e é um processo ativo. Apenas 10% das pessoas conseguem manter o peso!

Gostou de saber sobre o assunto? Continue acompanhando o blog do Rodrigo Bomeny para mais artigos!


Assine nossa newsletter para receber novidades