A menopausa é uma fase natural da vida da mulher marcada por mudanças hormonais significativas, especialmente pela redução dos níveis de estrogênio. Essas alterações não só afetam a saúde reprodutiva, mas também estão associadas a modificações metabólicas, aumento da adiposidade central e maior risco de doenças cardiovasculares e metabólicas.
Como a Menopausa Afeta a Composição Corporal?
Durante a transição menopausal, muitas mulheres percebem um aumento da gordura abdominal, mesmo sem necessariamente ganharem peso. Isso ocorre devido à redistribuição da gordura corporal, com diminuição da gordura subcutânea e aumento da gordura visceral. A mudança é atribuída à queda nos níveis de estrogênio, acompanhada por alterações em outros hormônios, como o aumento do hormônio folículo-estimulante (FSH).
A gordura visceral é especialmente preocupante, pois está associada a um risco maior de resistência à insulina, dislipidemia, hipertensão e doenças cardiovasculares. Estudos mostram que após a menopausa, o risco de doenças metabólicas em mulheres se aproxima do observado em homens, e uma das razões seriam essas alterações hormonais e metabólicas.
O Papel da Terapia de Reposição Hormonal (TRH) na menopausa
A Terapia de Reposição Hormonal (TRH) é uma intervenção que pode influenciar positivamente a distribuição de gordura corporal e aspectos metabólicos associados à menopausa. Entre os principais benefícios da TRH estão:
- Redução da adiposidade visceral: A TRH ajuda a diminuir a gordura acumulada na região abdominal, o que pode prevenir as complicações metabólicas frequentemente associadas a esse tipo de gordura.
- Melhora na sensibilidade à insulina: Com a redução da gordura visceral, há também um impacto positivo no controle glicêmico e no risco de diabetes tipo 2.
- Manutenção do perfil metabólico: Durante o uso da TRH, observa-se melhora no perfil lipídico, com redução do colesterol LDL e aumento do HDL, além da redução de marcadores inflamatórios.
Porém, é importante destacar que os benefícios da TRH não são mantidos após a descontinuação do tratamento, o que reforça a necessidade de avaliação contínua da indicação da terapia.
Riscos e Considerações da TRH na menopausa
Apesar dos benefícios, a TRH não é isenta de riscos. Alguns dos potenciais efeitos adversos incluem:
- Maior risco de eventos cardiovasculares em populações específicas.
- Risco tromboembólico, especialmente em mulheres com histórico pessoal ou familiar de trombose.
- Potenciais efeitos colaterais como dores de cabeça, náuseas e sensibilidade mamária.
Por isso, a decisão de iniciar a TRH deve ser individualizada, considerando os benefícios e riscos para cada paciente, além de fatores como idade, tempo desde a menopausa e condições de saúde preexistentes.
Estratégias de Estilo de Vida para evitar o ganho de peso na menopausa
Independentemente do uso de TRH, algumas medidas são cruciais para mitigar os efeitos da menopausa sobre a saúde metabólica:
- Atividade física regular: O exercício é essencial para reduzir a adiposidade visceral, melhorar a sensibilidade à insulina e promover saúde cardiovascular. A atividade física resistiva – como a musculação – é importante para preservar a massa muscular.
- Dieta equilibrada: Priorizar uma alimentação baseada em comida de verdade, com poucos alimentos ultraprocessados, com boa quantidade de proteína é fundamental para controlar o peso e reduzir os riscos metabólicos.
- Sono de qualidade: A privação de sono está associada ao aumento do apetite e do acúmulo de gordura visceral.
- Gerenciamento do estresse: O estresse crônico pode exacerbar o ganho de peso e as disfunções metabólicas.
Conclusão
A relação entre menopausa, obesidade e disfunções metabólicas é complexa e multifatorial. A TRH pode ser uma ferramenta valiosa para mitigar as alterações metabólicas e a adiposidade central associadas à menopausa, mas deve ser prescrita com cautela e em conjunto com estratégias de estilo de vida saudáveis. Consultar um médico especialista é fundamental para determinar a abordagem mais adequada para cada mulher.