Diabetes e a resistência à insulina: O que você precisa saber

Diabetes e a Resistência à Insulina: O Que Você Precisa Saber

Você sabia que a resistência à insulina é a causa de diversas doenças, como a pré-diabetes, por exemplo? A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas e ela tem diversas funções, como:

  • colocar a glicose para dentro das células musculares;
  • armazenamento de gordura;
  • impedimento da utilização da gordura como fonte de energia;
  • retenção de líquido e de sal.

Quer entender mais como ocorre a resistência a esse hormônio e sua relação com a diabetes? Confira no artigo!

 O que causa a resistência à insulina?

Existe uma teoria de que a exposição constante aos carboidratos refinados e, consequente, maior produção de insulina, seria uma possível causa da resistência a esse hormônio.

Um exemplo dessa capacidade de criar resistência, que ocorre no corpo humano, é quando olhamos para uma luz forte. A primeira reação do corpo é ofuscar a visão. Mas, se permanecermos olhando para ela, nosso corpo se adapta e nos tornamos resistentes àquela luz. Se na sequência vamos para um ambiente escuro, não enxergamos nada. Mas, com o tempo, o corpo volta a se adaptar e conseguimos enxergar. Ficamos mais sensíveis à luz.

Então, todas as vezes que somos expostos a um estímulo fora do normal e de maneira constante, nosso corpo se defende criando uma certa resistência. Dessa forma, se passamos a ter uma quantidade de insulina em nosso corpo constantemente acima do normal, nos tornamos resistentes à ela.

É uma teoria interessante, mas que os estudos científicos não conseguiram comprovar.

Ganho de peso causa resistência à insulina

A teoria mais aceita para o aparecimento da resistência à insulina está relacionada ao ganho de peso.

Temos a capacidade de armazenar energia no nosso corpo – tanto na forma de glicose, como na forma de gordura – no músculo e tecido adiposo. Essa capacidade é individual: tem pessoas que conseguem armazenar muita energia, outras menos.

Quando atingimos a nossa capacidade de armazenamento máxima – limiar pessoal de gordura corporal – passamos a armazenar essa energia em locais indevidos (gordura visceral – órgãos como fígado e pâncreas) e que são prejudiciais à saúde.

Nesse momento, apareceria a resistência à insulina. Lembre-se que uma das funções do corpo é justamente estocar gordura e, portanto, em uma situação em que os locais de estoques estão cheios, é compreensível que exista uma resistência para evitar a entrada de  nova energia.

Entendendo a resistência à insulina com a Turma da Mônica

Chico Bento nunca foi um bom aluno. Não prestava atenção na aula – preferia tirar um cochilo – e, muito menos, fazia lição de casa – preferia pescar. Mas, na véspera das provas, sempre estudava. Na última prova de português, tirou um 8. Para conseguir essa nota, teve que estudar por 3 tardes seguidas, em um total de 12 horas de estudo.

Rosinha era mais disciplinada. Prestava atenção na aula. Na última prova de português, tirou um 8 também. Para conseguir essa nota, estudou 1 hora no dia anterior à prova.

A nota foi a mesma, mas percebam que Chico Bento teve que se esforçar muito mais para conseguir a mesma nota.

Chico Bento e Rosinha foram fazer alguns exames de check-up. Chico Bento não era muito disciplinado na alimentação. Comia muito doce – fazia goiabada com as goiabas que roubava do Nhô Lau. O resultado da glicemia dele foi 80. Para conseguir manter essa quantidade de glicose no sangue, teve que produzir “12 insulinas”.

Rosinha era mais disciplinada. Tinha uma alimentação rica em legumes e vegetais, carnes e gorduras. Comia poucos alimentos industrializados. O resultado da glicemia dela foi 80. Para conseguir manter essa quantidade de glicose no sangue, teve que produzir “1 insulina”.

A glicemia no sangue foi a mesma, mas percebam que Chico Bento teve que se esforçar muito mais para conseguir manter a mesma quantidade de glicose no sangue.

A tendência é que se o Chico Bento não passar a prestar mais atenção na aula, em algum momento esses estudos pré-prova não sejam suficientes e ele fique de recuperação. O mesmo vale para sua glicemia.

A tendência é que se ele não parar de comer goiabada e continuar tirando seus cochilos durante a tarde toda, precise produzir cada vez mais insulina, para manter uma quantidade boa de glicose no sangue. Mas em algum momento isso não será mais suficiente (possível) e ele ficará de recuperação (diabetes).

Analisar a glicose de maneira isolada é igual comparar os alunos apenas pela sua nota. Existe um contexto por trás que não pode ser desprezado e que pode ser mais importante que a própria nota / glicose. Isso é a RESISTÊNCIA À INSULINA.

Qual a relação da resistência à insulina com o diabetes?

Quando nos alimentamos, a comida é digerida e “quebrada” em vários pedaços no nosso intestino. Um desses pedacinhos é a glicose – um carboidrato utilizado como fonte de energia pelo nosso corpo.

No entanto, para que isso ocorra, é necessário que a glicose esteja dentro das nossas células. Quem permite a entrada da glicose na célula, funcionando quase como uma chave que se liga a uma fechadura, é a insulina.

Na vigência de uma resistência à insulina, inicialmente o nosso corpo produz mais insulina. Afinal, ele quer retirar a glicose que está no sangue e armazená-la nos locais adequados. No entanto, em determinado momento, esse sistema entra em falência. A quantidade de insulina produzida não é mais suficiente para vencer a resistência à insulina e, dessa forma, a quantidade de glicose no sangue começa a aumentar.

Dependendo do valor da glicemia, a pessoa vai receber o diagnóstico de pré-diabetes ou diabetes. Mas, perceba que a “doença” é a mesma, sendo apenas uma questão de nomenclatura.

Diante de tudo isso, fica claro que para que a remissão do diabetes aconteça, é necessário não apenas a restrição de carboidrato (glicose) da dieta – embora isso já leve a uma melhora da glicemia e diminuição imediata do número de medicamentos – mas também a perda de peso.

Para isso, é essencial uma mudança no estilo de vida, com a melhora na alimentação – aplicando a relação Proteína | Energia, atividades físicas e mudança de hábitos.

Como identificar laboratorialmente a resistência à insulina?

Existem vários testes laboratoriais que podem ser usados para diagnosticar a resistência à insulina, incluindo:

Teste de glicose em jejum: Este teste mede os níveis de glicose no sangue após um período de jejum durante a noite. Valores de glicose em jejum acima de 100 mg/dl podem indicar resistência à insulina.

Teste de tolerância à glicose oral: Este teste envolve beber uma solução contendo uma quantidade padronizada de glicose, seguida pela medição dos níveis de glicose no sangue em intervalos regulares. Valores de glicose em duas horas acima de 140 mg/dL podem indicar resistência à insulina.

Teste de hemoglobina glicada (HbA1c): Este teste mede a quantidade média de glicose no sangue ao longo de um período de 2 a 3 meses. Valores de HbA1c acima de 5,7% podem indicar resistência à insulina.

Teste de insulina em jejum: Este teste mede os níveis de insulina no sangue após um período de jejum durante a noite. O HOMA-IR (Homeostasis Model Assessment of Insulin Resistance) é um índice utilizado para avaliar a resistência à insulina com base nos níveis de glicose e insulina em jejum. Um valor HOMA-IR maior que 2,5 é frequentemente considerado indicativo de resistência à insulina.

– A relação entre triglicerídeos e HDL (High Density Lipoprotein – colesterol bom) pode ser utilizada como um indicador de resistência à insulina. Esta relação é calculada dividindo-se os níveis de triglicerídeos pelo nível de HDL.

Valores de relação triglicerídeos/HDL superiores a 3,5 são frequentemente associados com resistência à insulina e maior risco de doenças cardiovasculares.

A resistência à insulina pode levar a um aumento nos níveis de triglicerídeos e uma diminuição nos níveis de HDL. Isso ocorre porque a insulina tem um papel importante na regulação do metabolismo de lipídios e carboidratos. Quando há resistência à insulina, os tecidos corporais não respondem adequadamente à insulina e isso pode levar a uma produção excessiva de triglicerídeos pelo fígado e diminuição da remoção de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e aumento da produção de LDL. No entanto, é importante lembrar que a relação triglicerídeos/HDL não é um teste específico para resistência à insulina.

Quais são os riscos da resistência à insulina?

Alguns dos principais riscos associados à resistência à insulina incluem:

Diabetes tipo 2: A resistência à insulina é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2, uma condição crônica em que os níveis de glicose no sangue são elevados.

Doenças cardiovasculares: A resistência à insulina está associada a um aumento do risco de doenças cardiovasculares, como doença coronariana, hipertensão arterial e acidente vascular cerebral.

Síndrome metabólica: A resistência à insulina faz parte da síndrome metabólica, um conjunto de condições que inclui obesidade abdominal, hipertensão arterial, níveis elevados de triglicerídeos, níveis baixos de HDL-colesterol e níveis elevados de glicose.

Esteato-hepatite não-alcoólica (EHNA): A resistência à insulina está associada ao desenvolvimento de EHNA, uma condição em que o fígado acumula gordura, o que pode levar a inflamação e danos no órgão.

Outros problemas de saúde: A resistência à insulina também pode aumentar o risco de outros problemas de saúde, como síndrome dos ovários policísticos, apneia do sono, Alzheimer e alguns tipos de câncer, como o de cólon e o de mama.

Como reverter a resistência à insulina?

O emagrecimento pode desempenhar um papel fundamental na reversão da resistência à insulina. A resistência à insulina é frequentemente associada ao excesso de peso e obesidade, e a perda de peso pode melhorar a sensibilidade à insulina, reduzindo o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e outras condições relacionadas.

A perda de peso, especialmente a perda de gordura abdominal, tem sido associada à melhora da sensibilidade à insulina em pessoas com resistência à insulina. A perda de peso pode ajudar a diminuir a resistência à insulina, reduzindo a carga metabólica sobre o pâncreas e melhorando a capacidade do corpo para usar a insulina adequadamente.

Além disso, o emagrecimento pode levar a uma redução dos níveis de adipocinas inflamatórias (proteínas produzidas pelas células de gordura), que podem contribuir para a resistência à insulina. O emagrecimento também pode melhorar a função das células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina.

 

Gostou de saber a relação entre a resistência à insulina e diabetes? Confira também o artigo sobre como praticar um emagrecimento consciente.


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