Diabetes tipo LADA: como suspeitar e diagnosticar

O diabetes tipo LADA (Latent Autoimmune Diabetes in Adults), também conhecido como diabetes tipo 1.5, representa um desafio diagnóstico e terapêutico por situar-se entre o espectro do diabetes tipo 1 (DM1) e diabetes tipo 2 (DM2).

Ele compartilha características de ambos, dificultando sua identificação e manejo adequados.

Diabetes tipo LADA: Definição e Características

  • O LADA é uma forma de diabetes autoimune semelhante ao DM1, caracterizada pela destruição progressiva das células beta pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina.
  • Diferença principal em relação ao DM1 clássico: sua progressão é mais lenta, permitindo que, inicialmente, o paciente não precise de insulina para controlar a glicemia.
  • Prevalência: O LADA representa entre 2% e 12% dos casos de diabetes em adultos, variando conforme etnia, tipo de autoanticorpo detectado e métodos de diagnóstico utilizados.

Diabetes tipo LADA: Manifestações Clínicas:

  • Sintomas Iniciais: Os pacientes podem apresentar sintomas típicos de diabetes tipo 2, como sede excessiva, aumento da frequência urinária, perda de peso inexplicada e fadiga. No inicio do quadro, também podem ser assintomáticos sendo o diagnóstico realizado através de exames de rotina.
  • Progressão Gradual: A necessidade de insulina geralmente surge meses ou anos após o diagnóstico inicial.
  • Presença de Autoanticorpos: A positividade para autoanticorpos, como o anti-GAD, é uma característica distintiva do LADA.
  • Fenótipo Variável: Os pacientes com LADA apresentam características clínicas e metabólicas que oscilam entre um fenótipo mais próximo ao DM1 ou ao DM2.

Quando suspeitar do Diabetes tipo LADA?

O diagnóstico do LADA baseia-se em três critérios principais:

  1. Idade de início do diabetes após 30 anos.
  2. Presença de autoanticorpos relacionados ao diabetes, como o anti-GAD.
  3. Ausência de necessidade de insulina nos primeiros seis meses após o diagnóstico.

A suspeita de LADA deve ser levantada em adultos com diabetes que apresentam:

  • Histórico familiar de DM1 ou doenças autoimunes.
  • IMC normal ou levemente aumentado.
  • Ausência de outros sinais de resistência à insulina: HDL baixo, triglicérides alto, esteatose hepática
  • Início da doença em idade jovem (menos de 60 anos).
  • Dificuldade no controle metabólico.

Peptídeo C: A dosagem do peptídeo C, marcador da função das células beta, é fundamental para avaliar a produção de insulina e auxiliar no diagnóstico diferencial entre LADA e DM2.

Qual o melhor tratamento para o diabetes tipo LADA?

O tratamento do LADA deve ser personalizado, visando a progressão da doença e a preservação da função das células beta.

  • Mudança da alimentação: como todos os tipos de diabetes a doença é caracterizada pela intolerância à glicose. Dessa forma a adoção de uma dieta Low Carb leva a uma melhora do controle da glicemia e a uma diminuição do uso de medicamentos.
  • Mudanças no Estilo de Vida: Perda de peso, aumento da atividade física e cessação do tabagismo são medidas essenciais para controle glicêmico e melhora da sensibilidade à insulina.
  • Metformina: Embora não haja evidências robustas sobre seu uso no LADA, a metformina pode ser usada em pacientes com obesidade para melhorar a sensibilidade à insulina.
  • Insulina: A terapia com insulina geralmente é necessária ao longo da doença, especialmente em pacientes com níveis baixos de peptídeo C.
  • Outros Medicamentos:
    • DPP-4i (Inibidores da Dipeptidil Peptidase 4): Podem melhorar o controle glicêmico e preservar a função das células beta; mais estudos são necessários para confirmar sua eficácia no LADA.
    • Análogos GLP-1 (Agonistas do Receptor do Peptídeo Semelhante ao Glucagon 1): Mostram-se promissores no controle glicêmico, embora a preservação da função das células beta ainda precise ser comprovada.
    • SGLT2i (Inibidores do Cotransportador Sódio-Glicose 2): Eficazes no controle glicêmico, mas há risco de cetoacidose, especialmente em pacientes com baixos níveis de peptídeo C.
  • Imunoterapia: A imunoterapia com GAD-alum mostrou resultados promissores na preservação da função das células beta em estudos iniciais, mas são necessários mais ensaios clínicos para confirmar sua segurança e eficácia a longo prazo.

Lacunas no Conhecimento e Perspectivas Futuras:

  • Triagem Universal para LADA: Ainda é debatida a necessidade de triagem universal para LADA em adultos, considerando os custos e disponibilidade dos testes.
  • Estudos de longo prazo: São necessários para definir o papel de diferentes medicamentos na preservação da função das células beta e na prevenção de complicações.
  • Novas Abordagens Terapêuticas: Pesquisas sobre imunoterapia são essenciais para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para o LADA.

Considerações Finais:

O LADA é uma forma complexa de diabetes que exige atenção especial para o diagnóstico e tratamento individualizados. A identificação precoce e o manejo adequado, com foco na preservação das células beta, são essenciais para prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

 

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Dr. Rodrigo Bomeny

Médico | Endocrinologista

Especialista em Obesidade | Diabetes | Terapia de Reposição Hormonal

CRM 129869 | RQE 60562

 

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