A obesidade é uma doença influenciada pelo ambiente em que vivemos (repleto de alimentos ultraprocessados e pouco nutritivos) e por questões comportamentais, hormonais e bioquímicas. Por conta disso, o tratamento com remédio para emagrecer é uma alternativa muitas vezes necessária, útil e que pode ser utilizada de forma temporária ou permanente, dependendo de cada caso.
A indicação do tratamento deve ser feita por um médico, que fará uma avaliação minuciosa do paciente e indicará a forma correta de usar o medicamento e qual o mais adequado.
A obesidade e o tratamento com remédio para emagrecer
A obesidade é uma doença crônica e pode ser recorrente. O corpo tenta o tempo inteiro retornar para o peso máximo que já tivemos, seja aumentando a fome, diminuindo o metabolismo ou ativando o sistema de busca de recompensa na alimentação.
O seu tratamento envolve não somente a perda de peso, mas também a manutenção após o emagrecimento, o que também é válido na indicação do uso de remédios para emagrecer. O mais correto, portanto, seria chamá-los de remédios para tratamento da obesidade.
Muitas pessoas olham para o remédio como um atalho, mas é um pensamento equivocado. O medicamento deve ser associado a uma mudança no estilo de vida, para que os resultados esperados sejam alcançados.
Seu uso sem que haja mudança na qualidade da alimentação e outros ajustes comportamentais, não traz o melhor resultado e aumenta o risco do efeito sanfona – recuperação do peso perdido — após a interrupção do tratamento.
Da mesma forma, a indicação e acompanhamento médico também são essenciais para o sucesso do tratamento. Embora seguros, os remédios podem apresentar riscos e efeitos indesejados e, por causa disso, o seu uso deve ser feito somente com supervisão médica. Não se automedique.
Quando o tratamento medicamentoso é utilizado em caso de obesidade?
No consultório, costumo usar a analogia do tratamento com remédio para emagrecer com o uso da boia. Conto a história da minha filha de quando ela começou a aprender a nadar.
Essa sempre foi uma preocupação aqui em casa. Aprender a nadar não era uma opção e, sim, uma questão de segurança. Nas primeiras aulas, ainda com meses de vida, lembro que a Alice, minha filha mais velha, dormia no meu colo.
Com o tempo, já acostumada, foi se soltando. Destemida, engoliu água algumas vezes até perceber que não estava pronta para nadar sem boia. E assim foi: primeiro com boia de braço e colete, depois, apenas com o colete.
Quando já estava pronta, começou a nadar sem nenhum auxílio extra. Mas, ainda assim, não se afogar exigia esforço. Mesmo depois de aprender, o uso da boia não foi totalmente descartado.
Quando íamos à praia, ela usava, mesmo dizendo que não precisava e tendo vergonha de utilizá-la. Eu respondia que no mar era diferente e usar a boia era uma ajuda necessária e temporária.
Assim é com os remédios para emagrecer no tratamento da obesidade. Tem pessoas que “não sabem nadar” e precisam usá-los durante a fase de treinamento, aprendendo o que comer e ajustando o ambiente.
Tem pessoas que sabem nadar e sentem-se mal por estarem se afogando. Elas sabem o que precisam comer e quais são os seus principais erros, mas não conseguem mudar e continuam engordando.
Essas pessoas também precisam usar boia (remédio para emagrecer), embora recusem, como a Alice na praia. A vergonha acaba impedindo que se deem conta de que estão no mar revolto e não na piscina. Esse mar seria uma analogia para os problemas emocionais, profissionais ou estresse, por exemplo.
Alguns aprendem a nadar, outros não. Em algum momento o mar fica calmo, em outros, não. Agora, lembre-se que é muito melhor usar boia do que se afogar. Isso não é nenhuma fraqueza.
Uma boia, um medicamento, são apenas uma ajuda. O esforço e a mudança do estilo de vida continuam sendo necessários.
Quais os benefícios do uso de remédios para emagrecer?
Do ponto de vista médico, recorremos a esse tipo de tratamento com a seguinte finalidade e individualizando sempre o tratamento:
- para aumentar a magnitude da perda de peso — uma pessoa perderia 10 kg sem o medicamento e, com o medicamento, ela perderia mais peso, como 15 a 20 kg;
- aumentar o número de respondedores — aumentar o número de pessoas que conseguem perder mais de 10% do seu peso. Parece pouco, mas a maioria das pessoas não alcança esse número;
- manutenção do peso perdido — o medicamento é utilizado também para a manutenção do peso, não apenas para a perda. Por isso, a interrupção do tratamento deve ser também indicada pelo médico.
Os medicamentos para tratar a obesidade ajudam em quais situações?
- fome emocional – pessoas que comem por ansiedade e depressão;
- compulsão – em conjunto com a terapia e mudança no estilo de vida;
- controle da fome e da saciedade – para quem possui muita fome e pouca saciedade que não melhoram com a mudança da qualidade da alimentação;
- comer noturno – voltado a quem possui a “síndrome do comedor noturno”, ou seja, consome grande parte de suas calorias diárias durante a noite;
- padrão de beliscar – para quem está sempre ingerindo algum alimento muitas vezes ao dia, sem fazer refeições nutritivas, além do que, na maioria das vezes, são pessoas que têm um desejo acima do normal por alimentos ultraprocessados.
Para quem é indicado o uso de remédio para emagrecer?
Atualmente, temos poucos remédios para emagrecer aprovados com essa finalidade. Entre eles: sibutramina, liraglutida (victoza e saxenda), semaglutida ( Ozempic, Wegovy, Rybelsus) e o orlistat. Outros medicamentos são utilizados de maneira off-label, ou seja, sem indicação de bula
Não são todas as pessoas que precisam e podem ser medicadas. Por isso, é tão importante a avaliação médica.
Existem alguns casos nos quais estão indicados o uso de remédio para emagrecer, como:
- pessoas com obesidade que não tiveram sucesso em emagrecer apenas com a mudança isolada do estilo de vida;
- pessoas com comorbidades associadas ao excesso de peso, como resistência a insulina, pré-diabetes, gordura no fígado ou complicações mecânicas, como dor articular e apneia do sono;
- pessoas com ganho progressivo de peso.
Relação Proteína | Energia no controle da fome e saciedade
Mudanças na composição da dieta, mesmo sem restrição de calorias, podem auxiliar muito no controle da fome e saciedade, facilitando o emagrecimento. Existem diversas evidências científicas que sugerem que o aumento do consumo de proteína pode diminuir o apetite e aumentar a saciedade.
Estudos observacionais mostraram que pessoas que consomem mais proteínas tendem a ter menos fome e a comer menos calorias ao longo do dia.
A proteína pode ajudar a aumentar a saciedade, reduzindo a produção do hormônio grelina, que estimula o apetite.
A proteína pode levar mais tempo para ser digerida e absorvida pelo corpo do que outros nutrientes, o que pode prolongar a sensação de saciedade.
A proteína pode ajudar a reduzir os níveis de hormônios que aumentam o apetite, como a grelina, e aumentar os níveis de hormônios que aumentam a saciedade, como o peptídeo YY e o GLP-1. Um estudo descobriu que uma dieta rica em proteínas aumentou significativamente os níveis de peptídeo YY e GLP-1 em comparação com uma dieta rica em carboidratos.
Estudos controlados randomizados mostraram que a adição de proteína à dieta pode levar a uma redução no apetite e na ingestão de calorias naturalmente, facilitando o emagrecimento.