Transtorno De Ansiedade e Alimentação Saudável

Transtorno De Ansiedade e Emagrecimento — Qual a Relação?

Entender a relação entre o transtorno de ansiedade e o emagrecimento é essencial para conseguir avaliar os hábitos alimentares e buscar meios de cuidar da sua saúde, tanto física quanto mental.

A ansiedade como catalisadora de uma má alimentação

A ansiedade pode levar a consumos desregrados e exagerados de alimentos por conta de sintomas como o estresse, a insônia e a irritação. Ela também está presente em quadros de compulsão compulsão alimentar

Alimentos ultraprocessados, com muito carboidrato e gordura, promovem sensações de bem-estar e relaxamento quase que imediatas no organismo e, por isso, são opções famosas entre pessoas ansiosas.

Esse tipo de alimentação traz, a longo prazo, diversos problemas de saúde, como quadros de diabetes, obesidade, refluxo, entre outros, que costumam agravar também o transtorno de ansiedade e, assim, criar um ciclo vicioso.

Como a ansiedade pode dificultar o emagrecimento?

A ansiedade e o estresse podem facilitar o ganho de peso. Alguns fatores podem contribuir para isso.

– Desejos por alimentos não saudáveis. Vários estudos mostram que pessoas com ansiedade, estresse e depressão têm maior propensão a comer alimentos ultraprocessados e ganhar peso. Abaixo, estão algumas das principais descobertas da literatura científica sobre o assunto:

Um estudo publicado na revista “Appetite” descobriu que pessoas com depressão têm maior probabilidade de escolher alimentos ricos em açúcar e gordura. Os pesquisadores observaram que a depressão pode aumentar o desejo por alimentos que proporcionam um aumento rápido de energia e humor, como doces e alimentos gordurosos.

Outro estudo, publicado na revista “Journal of Affective Disorders”, demonstrou que a ansiedade e o estresse crônico estão associados a um maior consumo de alimentos ultraprocessados. Os pesquisadores sugerem que isso pode ocorrer porque esses alimentos são convenientes e fáceis de encontrar, o que os torna uma opção atraente para pessoas com pouco tempo e energia para preparar refeições saudáveis.

Uma revisão sistemática analisou 20 estudos sobre a relação entre transtornos mentais e alimentação. Os autores concluiram que as pessoas com transtornos mentais, como ansiedade, estresse e depressão, podem ter uma maior probabilidade de consumir alimentos ultraprocessados e ganhar peso. Outro estudo, publicado na revista “Nutrients”, investigou a relação entre estresse e escolhas alimentares. Os pesquisadores descobriram que as pessoas que relataram maior estresse também consumiram mais alimentos ultraprocessados e tiveram maior ganho de peso ao longo de um ano.

Esses estudos sugerem que existe uma forte ligação entre transtornos mentais, alimentação e ganho de peso. Pessoas que sofrem de ansiedade, estresse e depressão podem estar mais propensas a escolher alimentos ultraprocessados, que podem afetar negativamente sua saúde física e mental. A literatura científica sugere que é importante abordar a relação entre alimentação e saúde mental em programas de tratamento e prevenção.

– Falta de sono. Algumas pessoas, quando não conseguem dormir, acabam comendo mais no período noturno. Isso pode levar ao ganho de peso. Estudos epidemiológicos têm demonstrado que o sono ruim é um fator de risco para a obesidade. Isso ocorre devido a diversos fatores, incluindo o aumento da fome e da vontade de alimentos mais calóricos. Recentemente, um estudo foi publicado com o objetivo de investigar se uma intervenção de orientação de higiene do sono poderia melhorar a qualidade do sono e reduzir a ingestão calórica, mesmo sem nenhuma orientação dietética.

O estudo recrutou pessoas com privação de sono (menos de 6,5 horas de sono) e dividiu o grupo em dois: um grupo recebeu a intervenção de orientação de higiene do sono, enquanto o outro serviu como grupo de controle. Apenas a intervenção de orientação do sono fez com que o grupo que a recebeu dormisse 1 hora e meia a mais por noite e consumisse, em média, 270kcal a menos por dia, em comparação com o grupo de controle, após 2 semanas. Vale ressaltar que a intervenção não envolveu nenhuma orientação dietética, o que torna os resultados ainda mais impressionantes.

Embora o tempo de observação tenha sido curto, os resultados do estudo são extremamente relevantes. Apenas com uma intervenção simples de orientação de higiene do sono, foi possível melhorar a qualidade do sono e reduzir a ingestão calórica de forma significativa. Isso pode ter implicações importantes na prevenção e tratamento da obesidade, já que o sono ruim é um fator de risco bem estabelecido para essa condição.

Por fim, é importante ressaltar que a perda de peso observada no estudo foi pequena, de menos de 1 kg. No entanto, é possível que uma intervenção mais longa e intensa possa levar a resultados ainda mais significativos. Além disso, o fato de que a intervenção não envolveu nenhuma orientação dietética sugere que a combinação de orientação de higiene do sono com mudanças na dieta pode levar a resultados ainda melhores.

– Redução da motivação. Motivação é um estado psicológico que envolve a vontade, o interesse e a energia necessários para iniciar, manter e alcançar um objetivo ou tarefa. É o que impulsiona as pessoas a agir, a se esforçar e a persistir diante de desafios e obstáculos.

A motivação pode ser interna (intrínseca), quando é decorrente de um interesse pessoal ou satisfação em realizar uma atividade, ou externa (extrínseca), quando é decorrente de fatores externos, como recompensas ou punições. Ambos os tipos de motivação podem ser importantes para o comportamento humano e podem ser influenciados por diversos fatores, como necessidades, valores, expectativas, personalidade, ambiente social e cultural, entre outros.

Questões psicológicas, como estresse, ansiedade e depressão, podem ter um efeito significativo na motivação das pessoas. Quando uma pessoa está estressada, ansiosa ou deprimida, ela pode ter dificuldades para se concentrar, sentir-se cansada ou desmotivada, e isso pode afetar sua capacidade de se engajar em atividades importantes.

Por exemplo, o estresse crônico pode levar à exaustão emocional e física, o que pode reduzir a motivação da pessoa para realizar tarefas cotidianas. A ansiedade pode levar a um medo excessivo de falhar ou a um medo irracional de situações específicas, o que pode impedir a pessoa de tentar novas coisas ou assumir riscos. Já a depressão pode reduzir a capacidade da pessoa de sentir prazer e satisfação, o que pode levar à perda de interesse em atividades que antes eram agradáveis.

Por outro lado, quando uma pessoa é capaz de gerenciar essas questões psicológicas, sua motivação pode melhorar. O “Mindful Eating” ou “Alimentação Consciente” é uma abordagem que se concentra em prestar atenção e estar consciente do processo de alimentação, incluindo sensações físicas, emoções e pensamentos relacionados à comida.

Essa abordagem pode ser benéfica para pessoas com ansiedade, depressão e estresse, pois ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade associados à alimentação. Ao estar presente e consciente durante as refeições, as pessoas são capazes de saborear a comida de forma mais plena, desfrutando de cada mordida, e assim, reduzir a tendência de comer em excesso ou de forma emocional.

Além disso, o Mindful Eating ajuda a desenvolver uma maior consciência sobre as necessidades do corpo e as diferenças entre fome física e emocional. Isso pode ajudar a pessoa a identificar melhor quando está realmente com fome e quando está comendo por outras razões, como o estresse ou a tristeza. Com essa consciência, é possível aprender a controlar melhor a alimentação, escolhendo alimentos mais saudáveis e evitando excessos.

 

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